
Inês de Castro
Inês de Castro nasceu em 1320 ou 1325 na Galiza, era filha ilegítima do nobre galego Pedro Fernandes de Castro, o da Guerra, e de uma dama portuguesa, Aldonça Suárez de Valadares, e irmã de D. Fernando e de D. Álvaro Pires de Castro. Por parte de seu pai era bisneta ilegítima de D. Sancho de Castela, pai de D. Beatriz de Castela que era mãe de D. Pedro, futuro Rei de Portugal. Era, portanto, prima em 3º grau de D. Pedro.
Viveu parte da sua infância no castelo de Albuquerque cuja dona, que a criou como filha, era casada com Afonso Sanchez, filho ilegítimo de D. Diniz, até vir a ser aia de sua prima de D. Constança Manuel, filha de João Manuel de Castela, poderoso nobre descendente da Casa Real Castelhana e que estava prometida ao príncipe de Portugal, D. Pedro.
Inês de Castro chega a Évora, integrada no séquito de D. Constança, em 1340. Desde cedo foram conhecidos os amores de D. Pedro pela dama galega. Após a morte de D. Constança volta a Portugal, tendo vivido com D. Pedro, de quem vem a ter quatro filhos, o primeiro, D. Afonso, que morreu em criança.
D. Inês de Castro tinha irmãos, os poderosos Castro, fidalgos que começaram a conspirar para convencer D. Pedro a considerar-se com direitos ao trono de Castela e Leão, o que permitiria que um dia um sobrinho deles (filho de Pedro e Inês) viesse a governar esse poderoso reino ibérico.
D. Afonso IV – sensível à fragilidade da independência portuguesa – reagiu contra tais ideias e os seus conselheiros facilmente o convenceram de que a única forma de evitar uma aventura castelhana seria afastar o Príncipe herdeiro de D. Inês. Perante a recusa deste em aceitar esse afastamento, e aproveitando uma ausência do Príncipe, foi feito um sumário julgamento em Montemor-o-Velho, que a condenou à morte. D. Inês de Castro morreu em 7 de Janeiro de 1355, degolada, como convinha a pessoa da sua condição, conforme o registo exarado no Livro da Noa, “crónica breve” elaborada pelos Frades Crúzios.
D. Pedro reagiu com violência à execução da sua amada e mãe de 3 dos seus filhos e iniciou um período de guerra civil contra o Rei, que só terminou devido à intervenção mediadora da Rainha de Portugal, sua Mãe. Quando subiu ao trono pela morte do Pai, em 1357, anunciou que tinha casado secretamente com D. Inês, que assim passava a ser Rainha de Portugal; mandou então construir em Alcobaça túmulos para si e para ela, conduzindo os seus restos mortais do Convento de Santa Clara de Coimbra àquele Mosteiro, exigindo que todas as classes (clero, nobreza e povo) lhe prestassem homenagem. A transladação fez-se num cortejo fúnebre que ficaria na memória das populações.
Para além disso, conseguiu que o Rei de Castela lhe entregasse dois dos três fidalgos que tinham aconselhado D. Afonso IV (um terceiro conseguiu escapar para França) que andavam refugiado em terras castelhanas e arrancou pessoalmente o coração a ambos, abrindo o peito a um e as costas ao outro ainda em vida, dizendo que homens que haviam matado uma mulher inocente não podiam ter coração.
Da vida de Inês de Castro pouco se sabe, a sua trágica morte e o amor sem limites de D. Pedro e a forma como este quis perpetuar esses amores, alimentou desde cedo a poesia e a narrativa histórica, não deixando morrer o mito Inês de Castro.