
Alcoa e Baça
Reza a lenda de Alcoa e Baça* que vivia nesta região um casal de namorados que se amava perdidamente. Ela chamava-se Baça e ele Alcoa.
Um dia, o rapaz recebeu a visita de uma estranha figura, o que o fez mudar o seu caráter e forma de viver. Tornou-se extremamente ambicioso, a ponto de abandonar Baça. Esta chorou tanto que viu as suas lágrimas formarem uma ribeira. O jovem Alcoa, ao saber disso, caiu num desespero terrível e, devido ao seu remorso, chorou dia e noite, tanto que se transformou em rio, passando a murmurar nas noites luarentas:
Baça, meu amor!... Perdoa-me, peço-te por tudo que me perdoes!
Baça perdoou-lhe e ali mesmo se juntou a Alcoa, desaguando no seu lado esquerdo, que é o lado do coração.
Diz-se ainda que em certas noites se ouvem murmúrios apaixonados nas águas do rio.
*datada provavelmente do séc. XVIII.
Marques, Gentil, Lendas de Portugal (adaptado)