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Pedro e Inês
Pedro e Inês (2013) | ARM Collective | Galeria de Arte Urbana

Pedro e Inês

A trágica e lendária história de amor entre D. Pedro e D.ª Inês de Castro deixou uma marca indelével na história e no património de Portugal, inspirando poetas, escritores e compositores. Camões foi um dos primeiros a celebrar a lenda em ‘Os Lusíadas’. O casal descansa no Mosteiro de Alcobaça, em túmulos magnificamente esculpidos e que são considerados obras-primas da escultura gótica portuguesa.

D. Pedro I, filho do rei D. Afonso IV e da rainha D. Beatriz de Castela, foi Rei de Portugal desde 1357 até à sua morte, em 1367.

D.ª Inês de Castro era uma nobre galega, filha do casamento entre D. Pedro Fernandes de Castro, um nobre galego, com D.ª Aldonça Lourenço de Valadares, uma nobre portuguesa.

D.ª Inês chegou a Portugal em 1340, como aia de D. Constança Manuel, recém-casada com D. Pedro, herdeiro do trono português. D. Pedro e D.ª Inês apaixonaram-se quase de imediato, iniciando uma relação amorosa clandestina que se viria a revelar trágica. O Rei D. Afonso IV, pai de D. Pedro, temia que a influência de D.ª Inês sobre o Príncipe pusesse em perigo as relações de Portugal com o Reino de Castela e, em 1344, expulsou D.ª Inês da corte, mandando exilá-la.

No ano seguinte, depois da morte de D.ª Constança e contra a vontade de seu pai, D. Pedro mandou regressar D.ª Inês. Recusando casar com qualquer outra nobre escolhida pelo Rei, D. Pedro decidiu viver com D.ª Inês, com quem teria quatro filhos.

Afonso IV, cada vez mais receoso das consequências desta relação para o futuro do Reino de Portugal, ordenou a morte de D.ª Inês. Executada em Coimbra, foi sepultada no Mosteiro de Santa Clara, hoje, Mosteiro de Santa Clara-a-Velha.

De acordo com a lenda, o sangue de D.ª Inês ainda mancha o fundo de pedra da Fonte das Lágrimas, local onde terá sido morta. Diz ainda a lenda que ainda se ouve o seu choro nos jardins da Quinta das Lágrimas, eternamente à procura de Pedro, o seu amor perdido.

Depois da execução de D.ª Inês de Castro, D. Pedro revoltou-se contra o pai e declarou-lhe guerra. Felizmente, a paz voltou graças à rainha-mãe, que evitou o encontro militar entre pai e filho.

No entanto, quando D. Pedro subiu ao trono, em 1357, uma das primeiras coisas que fez foi vingar a morte cruel de D.ª Inês, executou com as suas próprias mãos dois dos assassinos e mandou arrancar-lhes o coração! Dizia que era assim que se sentia desde que a sua amada tinha morrido. Afirmando ter casado secretamente com ela, D. Pedro I ordenou que fosse sepultada a seu lado, na Igreja do Mosteiro de Alcobaça, mandando que se edificassem ambos os túmulos. Em 1362, o corpo de D.ª Inês foi exumado e transportado, em cortejo fúnebre, de Coimbra para Alcobaça, onde foi coroada Rainha e, finalmente, sepultada em paz.

Os túmulos de D. Pedro I e de D. Inês de Castro estão localizados no Transepto da Igreja do Mosteiro de Alcobaça, para onde foram transferidos em 1957. Os caixões estão em frente um ao outro, de modo que, segundo a lenda, no Último Julgamento, Pedro e Inês podem olhar um para o outro enquanto se levantam de seus túmulos.

No túmulo de D. Pedro I estão gravadas algumas letras que têm sido interpretadas como significando "Até ao fim do mundo", tese defendida por Afonso Lopes Vieira e Vieira Natividade. A frase seria um testemunho, ao mesmo tempo emblemático e poético, que contribuiria para afirmar a dimensão mítica do amor de Pedro por Inês.