
Mosteiro de Santa Maria de Coz
A 10 km de Alcobaça situa-se Coz, uma das antigas povoações dos Coutos de Alcobaça, rodeada de férteis campos agrícolas e de antigas florestas. Aqui ganhou forma, no século XIII uma comunidade de religiosas cisterciense. Mulheres devotas que se auxiliavam nas múltiplas tarefas necessárias ao bom funcionamento deste Mosteiro. Por ali ficariam, até a extinção das ordens religiosas, na primeira metade do século XIX (1834). No século XVI, o Mosteiro de Santa Maria de Coz tornou-se num dos mais ricos mosteiros femininos desta ordem, em Portugal. Com o seu esplendor artístico barroco, a igreja testemunha a riqueza dessa comunidade.
Datará da primeira metade do século XIII a fundação deste Mosteiro, destinado, segundo relatos da época, a receber algumas viúvas devotas que asseguravam o funcionamento da poderosa abadia de Alcobaça. Embora a instituição detivesse grande importância na povoação, que se desenvolvia à sua sombra, o número de monjas e professas manteve-se modesto até ao século XVI. O ponto de viragem na vida da comunidade deu-se por volta de 1530, quando o Mosteiro foi reconhecido pela Ordem de Cister, e elevado a abadia regular.
As edificações medievais já haviam sofrido pelo menos uma grande intervenção, datada de 1519-27, e talvez conduzida por João de Castilho, da qual o vestígio mais notável é o portal manuelino recolocado no extremo nascente do coro da igreja. A estas obras, concluídas numa campanha terminada em 1562, seguiu-se a grande empreitada da segunda metade do século XVII, da qual resultaram a imponente igreja atual, erguida entre 1669 e 1671, e a moderna feição do claustro e dos dormitórios. Nos anos seguintes, até 1716, concluiu-se a campanha decorativa barroca que dotou a igreja e seus anexos de altares de talha dourada, revestimentos azulejares e pintura.
No seu interior Igreja e coro formam um só corpo, com um comprimento de 60 metros por 21 de largura. O teto é revestido por impressionantes caixotões de madeira pintados por Pedro Peixoto e datam do início do século XVIII. As naves são divididas por uma grade de clausura de madeira lavrada e pintada a ouro. Do lado do coro, destaque para o cadeiral das monjas, executado entre o final do século XVII e o início do séculoXVIII que, no seu apogeu teve 106 cadeiras, hoje mantendo apenas 92 lugares. Ao fundo, um belíssimo portal manuelino.
É ainda de destacar o quadro “O Purgatório” de Josefa de Óbidos (1630-1684). Os revestimentos de azulejo da sacristia contêm cenas da vida de São Bernardo, o maior impulsionador da Ordem de Cister.
O período áureo da comunidade religiosa terminou com a destruição causada pelo Terramoto de 1755, que desalojou as monjas, e com a extinção das Ordens religiosas, em 1834.
A igreja apresenta uma arquitetura exterior bastante austera, com linhas muito sóbrias. No interior, a nave única desenvolve-se entre o coro e a capela-mor. Esta igreja é, literalmente, um santuário ao barroco. Nela, evidenciam-se, conforme referido, os vários altares de talha dourada, os revestimentos de azulejo, principalmente da sacristia, e os impressionantes caixotões de madeira que constituem o teto que cobre a nave, o coro, a sacristia e o vestíbulo.
Profundamente destruído após 1834, o Mosteiro de Coz receberia a classificação de Imóvel de Interesse Público em 1946 e de Monumento Nacional em abril de 2021.