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Fornos de Cal - Pataias

No tempo dos monges de Cister, existiam fornos de cal em diversos pontos dos coutos de Alcobaça. Mas foi em Pataias que no séc. XIX se concentrou a produção de cal da região, havendo registo de 13 fornos em 1881. A produção expandiu-se, apoiada pelo transporte ferroviário a partir de 1888, pelo que em 1933 haviam 35 fornos.

Porquê em Pataias? Havia aí abundância de matéria prima - a pedra, e de combustível para o forno, ou seja, muito mato do pinhal. Para cada fornada eram necessárias cerca de 150 carradas de pedra e entre 80 a 100 carradas de mato (puxadas por carros de bois). Esta atividade contribuía para a limpeza regular da floresta.

A produção de cal era muito artesanal e foi-se reduzindo ao longo do tempo, tendo sido encerrado o último forno em 1995. Hoje, no parque florestal podem-se ainda encontrar 29 fornos (desativados), que noutros tempos produziam cal de elevada qualidade.

A cal era um produto fundamental pois tinha muitas aplicações, nomeadamente no reboco de paredes e na pintura das casas e muros. Era também usada na agricultura para corrigir a acidez das terras e na cura das vinhas. Pataias abastecia também a indústria siderúrgica para a produção de aço, sendo a cal transportada de comboio.

Não podemos falar apenas em fornos, mas sim num complexo industrial que incluía igualmente o barracão, os depósitos e ainda pequenos anexos que serviam de arrecadação. O forno é o centro da atividade fabril e o edifício mais importante. Idêntico a um poço, é construído em tijolo de burro (os mais antigos em pedra e barro), com um aterro ao seu redor e um portal na parte frontal. O aterro possuiu uma dupla finalidade: suportar a pressão exercida pela pedra nas primeiras horas e permitir o acesso ao topo do forno de onde era descarregada a pedra, quando o empedre (colocação das pedras dentro do forno) já se encontrava em fase final.