Ir para conteúdo

Sistema Hidráulico Cisterciense em Alcobaça

Sem ter um caráter artístico, mas revelador de um espírito criativo notável, o Sistema Hidráulico Cisterciense demonstra como a água era um recurso muito importante na Idade Média e como os Monges de Cister o souberam aproveitar com grande engenho (com a finalidade de rega, consumo, limpeza, força motriz, lazer, meio piscícola, drenagem pluvial, esgotos e salubridade das construções).

Podemos dividir o Sistema Hidráulico em:

  • “Captação”: processa-se no Vale da Ribeira do Mogo e origens do Rio Alcoa (locais onde se situam os vestígios mais antigos da localização do ser humano perto de Alcobaça;
  • “Sistema de Adução”: que faculta a água para consumo potável através de uma caleira em pedra, com origem em Chaqueda (ou Chiqueda) e um comprimento de cerca de 3,2 km. Paralelamente, com a finalidade de regar, limpar e de efetuar força matriz, desenvolve-se a “Levada” com origem no Rio Alcoa;
  • “Sistema de Distribuição” da caleira de água potável e da levada constituído por dispositivos diversos (a maioria desaparecidos), como: diques / comportas para controlo do caudal; alimentações de diversos moinhos, lagares de azeite, serrações de madeira, fornos, mós; limpeza das latrinas, cozinha e zonas sujas; azenhas, noras e rodas de água para rega, lazer e usos gerais.
  • “Evacuação”: que se processa num elaborado sistema com a finalidade de receber os efluentes de todas as redes e sistemas e também da drenagem da águas pluviais.


Aos rios está reservado o papel de transporte, recolhendo as águas das Bacias Hidrográficas, permitindo o escoamento de caudais em excesso. O rio Alcoa e as suas fontes, são a origem dos inúmeros fluxos e caudais necessários à vida do dia a dia, desde a alimentação e consumo doméstico e litúrgico, limpeza sanitária, rega, tanques piscícolas, fontanários e jogos de lazer e força motriz para as mais variadas finalidades. O rio Baça é aquele que recebe as evacuações e retornos de todo este complexo sistema hidráulico. Juntam-se os dois, o Alcoa e o Baça, formado o “Rio Alcobaça”, passando na estreita garganta da Ponte D. Elias (Fervença) e seguindo em direção ao mar, aonde chega a Sul da Pederneira (e Nazaré), passando e irrigando, antes, os férteis Campos do Valado.

Destes Sistemas de “Captação”, “Adução”, “Distribuição” e “Evacuação”, muito ainda se desconhece e sobre os quais ainda se fazem descobertas inesperadas, nomeadamente em inúmeras ramificações e dispositivos e redes subterrâneas diversas.