Ir para conteúdo

Casa do Monge Lagareiro | Lagar dos Frades

Os Monges de Cister edificaram, no século XVIII, no lugar da Ataíja de Cima junto à Lagoa Ruiva, um majestoso lagar que se manteve em funcionamento até ao início do século XX. Esta unidade proto-industrial tinha como função laborar as safras do extenso olival, mandado plantar no sopé da Serra dos Candeeiros por Frei Manoel de Mendonça, geral do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, visitador e reformador da Ordem.
O posicionamento do lagar junto da Lagoa Ruiva é estratégico, uma vez que era esta que fornecia a água para abastecer as quatro caldeiras do engenho. Com isto, recorria-se à tecnologia hidráulica.

A casa do monge lagareiro e a sua quinta denominada de cerca (ou somente de quinta), era propriedade dos Monges de Alcobaça sendo, no entanto, incerta a sua inclusão nos coutos do Mosteiro já que, segundo alguns estudos, a povoação de Ataíja de Cima ficava no perímetro exterior dos coutos.
Os trabalhos do lagar prolongavam-se em anos de safra pelos meses de maio e junho. Deste imóvel apenas resta a Casa do Monge Lagareiro em acentuado estado de ruína e parte da cerca. A fachada posterior ainda mantém parte dos prumos. Algumas galgas e um peso de varas abandonadas no terreno, são os únicos testemunhos do funcionamento da unidade senhorial.

O lagar era um edifício composto por distintos compartimentos, que albergavam oito varas, a casa dos moinhos e tulhas e ainda os estábulos. Nas suas imediações foi construída uma casa de planta retangular, com dois pisos, que no andar térreo armazenava as tulhas de azeite e no superior servia de habitação ao monge lagareiro, que supervisionava a quinta e a produção.

O edifício do monge lagareiro reflete exteriormente a divisão funcional do interior. Embora esteja bastante arruinada, a fachada ainda apresenta parte da sua estrutura. No piso inferior foram rasgadas janelas gradeadas, encimadas por janelas com frontão. Ao centro, uma molduração integra a pedra de armas de Alcobaça. No alçado posterior existe uma escada de acesso ao piso superior.
O conjunto que forma este lagar era considerado um dos mais avançados sistemas de moagem e armazenamento da época, devido à organização precisa e funcional do espaço.