Antigas Lagunas Costeiras

A costa do litoral atlântico não teve sempre a mesma forma. Em algumas épocas, com a subida do nível do mar, as águas penetravam terra adentro, pela foz dos rios e formavam lagoas salgadas, com águas muito calmas, designadas pelo nome de lagunas. No concelho de Alcobaça, existiram duas lagunas, conhecidas pelos nomes de Lagoa de Alfeizerão e Lagoa da Pederneira. A baía de São Martinho do Porto é o que resta da Lagoa de Alfeizerão. Desde a Pré-história, o homem procurou viver perto destes lugares. Como as águas eram muito calmas, aqui, era fácil pescar e recolher bivalves. Além disso, as lagunas permitiam ancorar barcos longe das fortes ondas e, com a ajuda de pequenas fortificações, como a torre de D. Framondo e o castelo de Alfeizerão, eram fáceis de defender.
Mas com a chegada dos monges cistercienses, as terras em torno das lagunas foram desflorestadas e a terra solta entupiu-as. Mais tarde, como já não eram navegáveis, os monges acabaram de secar as lagunas, para aproveitar os terrenos para a agricultura. Hoje em dia, muitos dos vestígios mais antigos da história do homem no concelho encontram-se escondidos, por descobrir, nas margens das antigas lagoas.
Fonte:
BARBOSA, Pedro Gomes (coor.) – A Região de Alcobaça na Época Romana, Alcobaça, Câmara Municipal, 2008 (disponível na Biblioteca Municipal de Alcobaça)
Alcobaça – Roteiro Cultural da Região de Alcobaça. A Oeste da Serra dos Candeeiros, Alcobaça, Câmara Municipal, 2001 (disponível na Biblioteca Municipal de Alcobaça)
Curiosidade/Desafio: Quando foi construída a atual auto-estrada A8, foram encontrados em terra, a cerca de 30 metros de profundidade, vestígios de navios antigos, do tempo em que os Campos da Cela eram a Lagoa da Pederneira e esta podia ser navegada. Junto ao Castelo de Alfeizerão, onde hoje são campos agrícolas, existiu um porto de mar que, no tempo do rei D. Manuel I, há 500 anos, podia albergar 80 navios de três mastros. Isto mostra como Alfeizerão só deixou de ter mar há poucos séculos. Nos dois casos, se estiveres atento, consegues reconhecer o sítio por onde a água salgada se espalhava. É toda a zona plana que se estende nos Campos da Cela e entre Alfeizerão S. Martinho do Porto.