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Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros

Foi a 4 de maio de 1979 que o Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros (PNSAC) se tornou numa área protegida para manter o património natural e arquitetónico das serras onde se localiza.
Com cerca de 38.900 hectares, o parque abrange o essencial do Maciço Calcário Estremenho, estando integrado nos municípios de Alcobaça e Porto de Mós (Distrito de Leiria) e Alcanena, Rio Maior, Santarém, Torres Novas e Ourém (Distrito de Santarém).
O Parque integra a Rede Natura 2000 e é conhecido pela sua biodiversidade e pelos recursos hídricos que fazem desta região o maior reservatório subterrâneo de água doce do país.
As serras de Aire e Candeeiros são o mais importante repositório das formações calcárias existente em Portugal e esta é a principal razão da sua classificação como Parque Natural. A sua morfologia cársica, a natureza do coberto vegetal, a rede de cursos de água subterrâneos, uma fauna específica, nomeadamente cavernícola e intensa atividade no domínio da extração da pedra são outros tantos aspetos que o diploma classificatório tenta preservar.


Flora
Das formações vegetais atualmente existentes no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros são de salientar, pela sua importância, os carvalhais de carvalho-cerquinho (espécie que só se encontra na Península Ibérica e no norte de África e cujo centro de distribuição é em Portugal) onde os melhores bosques desta espécie se encontram entre o Mondego e o Tejo, uma zona de carvalho-negral, zonas muito limitadas de azinheira, sobreiro, ulmeiros e de castanheiros. Fundamentalmente pela ação humana a floresta foi sendo destruída dando origem ao aparecimento de matos de grande interesse florístico predominando, em termos de vegetação espontânea, áreas arbustivas de carrasco e subarbustivas de alecrim.
Árvores, arbustos e ervas, que crescem espontaneamente no Parque, são, em si mesmo, um alvo de conservação. Até hoje conhecem-se cerca de 600 espécies vegetais o que significa que, numa área de cerca de 39 mil ha, é possível observar cerca de um quinto das espécies de plantas que ocorrem no país. Algumas só existem em Portugal, outras na Península Ibérica ou então na Península e norte de África e, outras ainda, possuem uma área de distribuição ou um estatuto de raridade, que lhes conferem uma situação especial em termos de conservação da natureza.
Para além da importância que as funções das plantas desempenham nos ecossistemas e do seu potencial valor económico e científico, muitas plantas do Parque Natural têm qualidades medicinais, aromáticas, condimentares, ornamentais, forrageiras (i.e. para alimentação do gado) ou florestais.
A oliveira, a recordar o esforço dos cistercienses, domina a vegetação não espontânea.


Fauna
No Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros contém uma riqueza faunística (de animais) assente, essencialmente, na existência de uma diversidade assinalável de espécies, nomeadamente no que se refere aos vertebrados. Assim, encontra-se já inventariado um total de 204 espécies, das quais 136 são aves, 38 mamíferos, 17 répteis e 13 anfíbios.

Podem-se referir, por exemplo, o gato-bravo (Felis silvestres), a gineta (Genetta genettaI), a raposa (Vulpes vulpes), a doninha (Mustela nivalis), o texugo (Meles meles), a cobra-de-pernas-tridáctila (Chalcides striatus), a víbora-cornuda (Vipera latastei), as cobras-de-água, várias espécies de salamandras e tritões.
As aves são o grupo com maior número de representantes neste Parque, sendo conhecidas mais de 100 espécies que aqui nidificam. Algumas são mesmo importantes no contexto nacional, como o bufo-real (Bubo bubo) ou a gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax).
O meio subterrâneo tem, neste Parque Natural, grande significado. Nas suas numerosas grutas abrigam-se uma infinidade de seres vivos, dos quais se destacam cerca de dez espécies de morcegos cavernícolas.


Património Construído
O património construído está diretamente associado ao material dominante - o calcário - que assume as mais diversas formas, construídas pacientemente pela mão humana. Destacam-se as formas de delimitação da propriedade, cujos muros de pedra seca, denominados "cerrados" ou "chousos" são disso testemunho, constituindo uma imagem de marca para este território.

As formas naturais e construídas, ligadas à recolha, transporte e armazenamento de água, como pias, caleiras e pequenos aquedutos, cisternas e poços.

As formas arquitetónicas ligadas à economia das populações e testemunhada pela abundância de moinhos de vento (moagem de cereais), lagares e azenhas.
Finalmente, as tipologias habitacionais, casas com pátio, casas com alpendre, de proporções modestas, mas denotando equilíbrio e harmonia no seu conjunto.
A presença humana é atestada desde o paleolítico. A estrada romana de Alqueidão da Serra testemunha caminhos antigos. Têxtil, curtumes, agricultura, criação intensiva de gado e indústria extrativa de pedra e argila justificam, na atualidade, a presença de numerosa população.

Fonte: Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas